No passado, e não digo muitos anos atrás, nós, professores, tínhamos o foco na pedagogia, metodologia, didática e os mais corajosos tentavam unir toda expertise da pedagogia com elementos tecnológicos para trazerem mais motivação e engajamento dos alunos. Tantos foram as inclusões em nossas aulas. Algumas ferramentas digitais duraram, outras nem tanto. Ainda me lembro, por exemplo, do “magnetofone” das aulas de francês para escutarmos os diálogos. Lembro-me de passar horas gravando programas da CNN para conseguir o segmento perfeito de vídeo para a sala de aula.
Nas minhas aulas regulares, não havia tanta tecnologia a não ser o quadro, giz, lápis, cadernos e livros. O poder do planejamento eficaz do professor e a expertise na área ditavam o meu interesse pelas aulas e até mesmo pela matéria. Nunca me esquecerei, por exemplo, da professora Laura, de Literatura, no colégio Le Corbusier em Brasília. Ainda lembro das estórias, dos toques de mitologia grega, de Camões e Dante com seu inferno e paraíso.
Já como professora, desde o início, inovar com algum elemento tecnológico, mesmo que fosse um exercício impresso que tivesse uma pesquisa na Internet por trás já me movia. Este era ainda o início da Web 1.0, onde usávamos da pesquisa online para melhorarmos nossas aulas. Fazer algo realmente inovador e diferente requeria um investimento de tempo, esforço e capacidade técnica para incluir tecnologia que fizesse sentido, que estivesse inserida no contexto pedagógico.
Atualmente, a proliferação de dispositivos móveis, a democratização e barateamento dos computadores e a mudança na forma como utilizamos a Internet, com possibilidade de criação, compartilhamento e colaboração acrescentam um elemento mais prominente na equação do planejamento pedagógico, a tecnologia como ferramenta de aprendizado. Mas será que o pêndulo não está pesando mais para tecnologia em si do que para os objetivos de aprendizado que queremos atingir?
Quando converso e trabalho com professores, percebo o interesse de muitos, a vontade de acertar, de se aproximar dos alunos. No entanto, muitos acabam pecando e, por vezes, desistindo porque acabam chegando à conclusão que adicionaram tecnologias às aulas, mas não houve nenhuma mudança no resultado do aprendizado. Será que o grande vilão é mesmo a tecnologia?
Talvez uma dica que parece tão óbvia, mas que faz todo sentido do mundo, está nesse gráfico da referência do TPACK, em que há um reforço da importância da interseção e o relacionamento entre os seguintes componentes: o pedagógico, conhecimento do conteúdo, e o tecnológico. Talvez este seja o esse o caminho para o aprendizado significativo e o ensinar contextualizado na interseção do conhecimento tecnológico, pedagógico e do conteúdo:
Na verdade, quanto mais nós, educadores, conseguirmos estar na interseção da expertise de nossa área de conhecimento, do planejamento pedagógico pensado e repensado e do conhecimento sobre formas de incorporação da tecnologia, mais marcantes e engajadoras nossas aulas serão. Já pensou o quão explosiva seria as aulas da professora Laura hoje?
E por onde começar? Primeiro, veja para onde o pêndulo está pendendo na sua aula. Depois, analise quais são as lacunas no seu próprio aprendizado. A partir daí, trace um plano de ação para chegar na interseção conteúdo, pedagogia e tecnologia.
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